Dra. Cleuza Ribeiro dos Santos
Dando
rédeas à imaginação podemos afigurar um momento razoavelmente promissor, o
direito de votar. Encontra-mo-nos no impasse entre a escolha certa e o inverso,
é que pautados ainda no arraigado conceito da opção pela promessa. Tudo isto
porque as propostas não cumpridas sempre fenecem com o tempo.
Ausente a motivação para uma escolha
coerente, a sociedade vê - se na obrigação do voto de insurgência diante do que
é vivenciado na atual conjuntura. É que o formato do atual Estado Democrático
de Direito não nos permite o silencioso remorso por termos votado mal e a
melhor arma deve ser utilizada agora e sem nenhum remorso. O fenômeno do
mesmismo não é saída digna para aqueles que exercitam a democracia. Conquanto
até hoje o votar para alguns seja também um ato de conivência com isto que esta
por ai. Não nos é confortável a desonra da omissão, nem tampouco hesitarmos no
momento de colocar fora da competição os desonestos e egoístas que insistem em
ficar no poder; conseqüência da necessidade de perpetuar – se a corrupção.
É certo que a sociedade encontra – se imersa
num mar de lama, saturada de escolhas despropositadas e não comprometidas com
as conseqüências advindas dela. O momento é propicio e aí esta a melhor ocasião
de fazer valer nosso direito de cidadania, pautado não exclusivamente na
liberdade da escolha, mas também no comprometimento desta, tendo em vista a
caótica imagem de instabilidade reinante nos
quatro cantos deste País. Os ideais republicanos deverão vencer o subjetivismo
e o egocentrismo dos poucos que persistem em continuar gerindo com incúria a
coisa pública.
A presente imagem da corrupção e desmando emergem como tapete no obscuro espaço da
ganância, a embotar a razão, em função disto, é necessário por parte dos
candidatos respeito para com o eleitorado e seriedade no que proclamam,
mormente porque encontra- mo – nos à beira dos pleitos municipais, mas que
estejamos voltados ao perfil,a vida política e o caráter dos escolhidos. A
sociedade anseia pelo exercício do voto consciente, não orquestrado, destituído
de capricho, de falso altruísmo, desassociado dos inescrupulosos amantes da
pobreza e vicejadores da famigerada troca.
Chegou à hora do Pensa Brasil; que não
seja exercitada a arbitrariedade e o descompromentimento como arma, mas que o
seja em favor daqueles que ainda acreditam que esse País tem jeito. É somente
através da liberdade de escolha como pressuposto constitucional e da relevância
de uma escolha séria é que poderemos não mais subjugar- mo - nos aos caprichos
dos desonestos e ímprobos. O voto é a extraordinária força do povo, posto que
alicerçado na escolha incondicional e estremes de quaisquer dúvidas é que irá
aos poucos resgatando a dignidade perdida.
Não há mais espaço para imbróglios, conteúdos
epopéicos; é inquestionável a necessidade de transformações pontuais no cenário
político deste País. Tais mudanças, ainda que radicais, são imprescindíveis a
fim de que seja desfeito o ciclo vicioso
da mercancia desenvolvida durante anos, por meio de verdadeiras "quedas
de braço" no intuito de usufruir uma fatia desse poder deteriorado
pela ausência do Estado e em total descompasso com as necessidades marcantes do
povo, o bem comum.
É este o momento exato de resgate da plena
cidadania, onde a lógica do equilíbrio ressaltada dos direitos fundamentais se
faz presente. Portando, imperioso torna-se que o sagrado direito de opção seja
preservado e posto em absoluta prioridade, sem perder – se nos labirintos da
ignorância e despreparo.
Mudança faz – se necessária a começar pelos
pleitos Municipais, não só do ponto de vista ideológico, mas também no sentido
de ser desfeito o visgo de impunidade e desrespeito pelo cidadão, onde a idéia
divorciada do que é sério, dá margem ao empreguismo e nepotismo reinantes.
Nunca na história deste País foi vislumbrada
tanta mazela! E o eleitorado até o momento tornou – se presa fácil, levado
pelos sofismas verbais e freqüentes maquineismos, sofre com o impasse do
desmando e ascensão rápida dos corruptos, que ocupam o império do tráfico de
influência, orquestrado pelo rodízio escandaloso das coligações e
infidelidades. É que seriedade e a preservação de caráter foram absorvidos pelo
poder econômico, dinheiro facilmente amealhado na burla da lei.
Felizmente ainda mantém – se o ileso o
direito do voto como fundamental, externado na maneira pontual de resgate da
decência e cultivo da moral, daí ser necessário a seriedade na escolha e na delegação, posto
constituir – se num “cheque em branco” colocado à disposição daqueles
que irão representar a nossa vontade.
Precisamos de eleitores - cidadãos e não
apenas de uma massa desvalida que se socorre do voto em troca de pão e de
circo. É imprescindível a presença do povo em corpo e alma na busca de melhores
condições de representatividade e não de meros asseclas de um poder desvirtuado
pela desonra. Urge a presença de eleitores que tenham respeito por si próprios
e que execrem a fidalguia dos inescrupulosos, tudo isto em prol deste Brasil
que ainda é nosso.
Advogada, possui graduação
em Letras e Filosofia, integrou a
Comissão OAB/MULHER ,é membro do COMPIR E CONSELHO DA MULHER Presidiu o Conselho da Comunidade em Execução
Penal até 2010/2012 - Professora de Universitária. Especializada em Direito
Penal Militar e Estratégia – Delegada da ADESG/JF 2012/2015. Atualmente é
Presidente da Comissão de Direito Militar da OAB/JF. (Texto produzido em 2007-
publicações: Conjur – Tribuna JF e Recanto das Letras) Incansável Defensora das Causas Sociais.