Por
unanimidade, a 3ª turma do STJ negou recurso de herdeira que buscava o
julgamento de ação negatória de paternidade contra mulher que, em outra ação de
investigação, transitada em julgado, obteve o reconhecimento de paternidade com
base em prova testemunhal, após tentativas frustradas de realização de exame de
DNA.
No caso, uma mulher
ajuizou ação de reconhecimento de paternidade que foi julgada procedente com
base em prova testemunhal, tendo em vista a recusa dos herdeiros do investigado
a participar de exame genético. Eles foram convocados para a coleta de material
por sete vezes e não atenderam a nenhum dos chamados.
Uma das herdeiras
ajuizou ação negatória de paternidade visando à realização do exame de DNA que
se negara a fazer anteriormente, interpondo recurso especial quando já
transitada em julgado a decisão que lhe foi desfavorável na outra ação.
O ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, relator, afirmou
que a conduta da recorrente – de se negar a produzir a prova que traria certeza
à investigação de paternidade, para só depois de transitada em julgado a
decisão que lhe foi desfavorável, ajuizar ação negatória de paternidade,
colocando-se à disposição para realizar o exame de DNA que se negara a fazer
anteriormente – é manifestamente indevida.Na avaliação do ministro, “é
intolerável o comportamento contraditório da parte, beirando os limites da
litigância de má-fé”.
O relator lembrou que o
STJ, em sintonia com a orientação firmada pelo STF, tem admitido a
relativização da coisa julgada nas ações investigatórias ou contestatórias de
paternidade julgadas sem amparo em prova genética. Contudo, destacou que a
orientação do STF “não pode ter aplicação quando a não realização da prova
pericial na ação investigatória anterior deveu-se, exclusivamente, à recusa de
uma das partes em comparecer ao laboratório para a coleta de material
biológico”.
Para o ministro, não só
é viável como é plenamente correto o julgamento da ação investigatória com base
nas provas testemunhais colhidas, não havendo como superar ou relativizar a
coisa julgada material que qualificara a sentença de procedência da ação
investigatória de paternidade.
O número deste processo
não é divulgado em razão de segredo judicial.
Fonte: STJ
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